Bom dia, pessoal! Esse mês estive pensando nos apagões que andam ocorrendo na cidade de São Paulo e como eles mostram a importância da eletricidade para nós. Se pararmos para pensar, ela está presente em todos os aspectos do nosso cotidiano, não tem jeito. Seja na lâmpada acesa no teto, no carregamento do notebook ou do celular, até mesmo a conservação da nossa comida depende da eletricidade.
Por isso, resolvi fazer um post sobre a história dela.
o início da eletricidade
Dos filósofos gregos
Foi Tales de Mileto, um filósofo grego do século VI a.C., quem começou a decifrar os mistérios da eletricidade estática. Ao esfregar um pedaço de âmbar na pele de um animal, ele percebeu a atração de pequenos objetos, como pedaços de palha. Inicialmente, ele acreditava estar experimentando um fenômeno de magnetismo, mas estava, na verdade, descobrindo a eletricidade estática gerada pelo atrito.
À palavra “Eletricidade”
O estudo da eletricidade avançou consideravelmente no século XVII com William Gilbert, que investigou a resistência de certos materiais. A palavra “eletricidade” derivou do latim “elektron”, que significa âmbar, e foi popularizada por Otto von Guericke em 1650, quando construiu a primeira máquina eletrostática geradora.
O Século 18 e as primeiras invenções
Após os estudos iniciais, onde pouco se sabia sobre a eletricidade, inicia-se uma época em que os cientistas começam a dominá-la. Essa foi a época das inovações, cujos frutos colhemos até hoje. Abaixo, temos alguns grandes nomes da ciência e as principais descobertas.
Benjamin Franklin e a Pipa na Tempestade
Você sabia que, no século 18, muitas pessoas achavam que as tempestades e raios eram sinais de punição divina? Benjamin Franklin, felizmente, não acreditava nisso!
Com muita astúcia, o cientista observou que os sineiros, aqueles que tocam os sinos nas torres das igrejas, eram vítimas frequentes dos raios. Tentando descobrir as razões disso, ele fez, em 15 de junho de 1752, o famoso experimento da pipa.
Nesse experimento, Franklin usou uma pipa com um fio metálico e ligou esse fio a uma chave e a um dispositivo que armazenava carga elétrica. Assim, ele descobriu que os raios são um tipo de eletricidade muito forte. A partir dessa descoberta, Franklin inventou o para-raios. Ele mostrou que duas hastes de ferro conectadas ao chão, e colocadas perto de algum prédio, poderiam conduzir a eletricidade dos raios, se fossem atingidas por eles. O experimento de Franklin e a confirmação das suas ideias lhe deram fama mundial.
Luigi Galvani e os Estímulos Elétricos no Corpo Humano
Luigi Galvani, um fisiologista do século 18, revolucionou sua área ao descobrir a ligação entre a eletricidade e o corpo humano. Ele fez isso aplicando energia elétrica em uma rã e observando os espasmos musculares causados por isso.
Hoje pode parecer óbvio, mas, na época, essa revolução teve grandes repercussões na medicina. Uma delas foi o desfibrilador, cujo funcionamento é semelhante ao experimento da rã: uma grande descarga de energia elétrica causando contração muscular no coração.
Alessandro Volta e a Primeira Bateria
Alessandro Volta era contemporâneo de Luigi Galvani e também estudava eletricidade. Mesmo inspirado pelas pesquisas de Galvani, ele não conseguia concordar com tudo: e isso gerou uma rixa pouco conhecida na história da eletricidade.
Enquanto Galvani defendia a ideia de “eletricidade animal”, acreditando que a eletricidade estava dentro do tecido dos animais, Volta argumentava que a eletricidade resultava da reação química entre os metais e os fluidos nos tecidos animais.
Hoje sabemos que Volta estava certo, até porque seus estudos sobre a eletricidade a partir da reação química tornaram-o responsável pela… pilha voltaica! A “avó” das baterias elétricas!
Século 19: A guerra das correntes
Em 1879, Thomas Edison, importante inventor da época, patenteou a lâmpada elétrica incandescente. Essa nova invenção fez surgir a necessidade de criar uma rede de transmissão de energia elétrica para iluminar casas, comércios e ruas. Sem perder tempo, Edison já inaugura, em 1882, a primeira estação de energia elétrica do mundo, utilizando a corrente contínua.
Tudo certo, então, não é? Não! Enquanto Thomas Edison fez sua estação de energia utilizando a corrente contínua, havia outro inventor que defendia um modelo totalmente diferente e dizia que ele era o mais eficaz: a corrente alternada. Esse inventor era Nikola Tesla, eterno rival de Edison.
Essa rivalidade ficou conhecida como “A Guerra das Correntes” (ou “Batalha das Correntes”). Tem até filme sobre!
Edison e a Corrente Contínua
Edison defendia o uso da corrente contínua, pois a maioria dos geradores e patentes desenvolvidos por ele utilizavam esse tipo de corrente. Além disso, a corrente alternada exigia uma voltagem mais alta para ser gerada e transmitida, o que poderia ser considerado mais perigoso. No entanto, Tesla e Westinghouse viam na corrente alternada a solução para a distribuição de energia elétrica em longas distâncias.
A Disputa Edison vs. Tesla e Westinghouse
Tesla, que já havia trabalhado para Edison, apresentou ao mundo seu motor alimentado por corrente alternada em 1888, que provou ser superior aos modelos de Edison. George Westinghouse, empresário do ramo ferroviário, viu o potencial e ofereceu a Tesla apoio financeiro para desenvolver transformadores, geradores e projetos de linhas de transmissão.
Transformadores e a Segurança da Corrente Alternada
Os transformadores desenvolvidos por Tesla foram cruciais, permitindo converter a alta tensão da corrente alternada para uma tensão mais baixa, tornando-a segura para instalação em residências e comércios. Edison, sentindo-se pressionado, iniciou uma campanha contra a corrente alternada, destacando seus perigos, especialmente pela alta voltagem.
A Criação da “Cadeira Elétrica” e a Guerra das Correntes
Edison, para desacreditar ainda mais a corrente alternada, propôs o uso do sistema da Westinghouse Electric Company para execuções por eletrocução. A primeira morte por eletrocução na cadeira elétrica ocorreu em 1890, utilizando partes do sistema de Tesla. Essa estratégia criou problemas para Tesla, mas a batalha teve seu auge na Exposição Mundial de Columbia em 1893.
Exposição Mundial de Columbia
Tanto Edison quanto Tesla e Westinghouse propuseram iluminar a exposição, mas a proposta de Tesla, utilizando corrente alternada, venceu devido ao menor custo de geração de eletricidade. O evento iluminado por corrente alternada foi um sucesso, provando sua viabilidade em grande escala e marcando a vitória de Tesla e Westinghouse na guerra das correntes.
A eletricidade no Brasil
Com o tempo, a eletricidade foi ganhando espaço na vida cotidiana, impulsionando a segunda Revolução Industrial. A criação da primeira usina elétrica, a Pearl Street Station em Nova York, em 1882, e a primeira hidrelétrica no mesmo ano marcaram o início de uma nova era.
No Brasil, a eletricidade chegou logo após a invenção da lâmpada, graças ao interesse do imperador Dom Pedro II nas ciências. A inauguração dos primeiros sistemas públicos de iluminação elétrica, em 1879 no Rio de Janeiro e em 1883 em Campos dos Goytacazes, marcou o início de uma transformação no país.
Atualmente, o país possui uma matriz de energia elétrica com mais de quatro mil usinas, capazes de gerar mais de 142 mil megawatts. Das dez maiores hidrelétricas do mundo, três são brasileiras.
Conclusão
Agora você sabe mais sobre a história da eletricidade, como ela chegou de mansinho e tomou conta da civilização, não é? Graças a ela, podemos conservar melhor nossos alimentos na geladeira e evoluir a tecnologia, conseguindo feitos inimagináveis. Temos muito a agradecer a esses pioneiros!
Parando para pensar, graças a eletricidade, nossas cidades nunca dormem também… Talvez esse possa ser um ótimo tema para o próximo post: a poluição luminosa. Ou talvez carros elétricos… São tantas possibilidades!