A Explosão da Cabanagem
O Brasil é cheio de revoltas populares ao longo de sua história, mas nenhuma teve a dimensão e a tragédia que envolveu a cabanagem. A cabanagem foi uma revolta popular que explodiu em Belém do Pará, mais especificamente no dia 6 de janeiro de 1835. Uma montanha de mestiços, índios e negros, aliados a uma elite revoltosa, invadiu o palácio do governo provincial de Belém, matando em plena rua o Governador Bernardo Sousa Lobo.
Era uma inquietação geral em Belém, afinal, ficava longe demais das capitais onde tudo era decidido, no caso o Rio de Janeiro. Além disso, havia muita miséria, muita desgraça, e uma falência econômica generalizada. Essa fermentação única nesse momento na história do Brasil uniu uma elite descontente contra outra facção local, unindo-se ao povo e tomando o poder.
Líderes e Reviravoltas
A revolta era liderada, inicialmente, por Félix Marcha, um senhor de engenho e Coronel ligado à guarda nacional. Após um mês e meio no poder, Marcha cedeu lugar a Francisco Vinagre e Eduardo Angelim. Contudo, as disputas internas levaram a acordos com a regência e ao afastamento dos líderes.
A regência era um período turbulento no Brasil, após a abdicação de Dom Pedro I, e diversas revoltas provinciais eclodiam pelo país, como a farroupilha e a balaiada. Entretanto, nenhuma se comparava à dimensão da cabanagem.
A Devastação e a Perseguição
O Barão de Caçapava, General Francisco de Souza Andréia, chegou para reprimir a revolta. A cidade de Belém foi duramente bombardeada, e Eduardo Angelim e os revoltosos fugiram. A revolta, então, se espalhou como fogo na região, chegando até o Piauí, Maranhão e partes do litoral nordestino.
O Barão de Caçapava perseguia os rebeldes com tropas de mercenários, inclusive estrangeiros, resultando em um massacre. Em 1833, a província do grão-pará tinha 119 mil habitantes. Sete anos depois, em 1840, após a revolta, pelo menos 30 mil pessoas foram mortas.
O Desfecho e as Versões da História
Eduardo Angelim foi preso e enviado para Fernando de Noronha, onde ficou exilado até 1850. O General Andréia, após reprimir outras revoltas, como a Revolução Farroupilha, destacou-se. A história da cabanagem foi contada e recontada ao longo dos anos, passando por diferentes visões políticas.
Conclusão
Independentemente de visões políticas, a cabanagem foi um massacre, uma revolta popular sufocada em sangue. A história continua sendo escrita e reescrita, moldada pelas diferentes interpretações ao longo do tempo. O importante é compreender o impacto desse episódio na sociedade brasileira e refletir sobre as lições que a história nos proporciona.