Quem foi Carybé?
Carybé foi um artista, pesquisador, escritor, historiador e jornalista argentino e brasileiro. Ele se destacou por sua obra inspirada na cultura baiana, especialmente na iconografia dos deuses africanos no candomblé. Neste texto, vamos conhecer um pouco mais sobre sua vida e obra, respondendo às seguintes questões:
Carybé nasceu em 7 de fevereiro de 1911, na cidade de Lanús, na Argentina, com o nome de Héctor Julio Páride Bernabó. Seu apelido e nome artístico, Carybé, que significa piranha em tupi-guarani, foi dado por um grupo de escoteiros do Clube do Flamengo, no Rio de Janeiro, onde ele se mudou com a família em 1919.
Desde cedo, ele demonstrou interesse pelas artes, frequentando a oficina de cerâmica do seu irmão mais velho, Arnaldo Bernabó, e estudando na Escola Nacional de Belas Artes. Ele também trabalhou como ilustrador e jornalista em diversos jornais e revistas, tanto no Brasil quanto na Argentina.
Como Carybé chegou em Salvador?
Carybé chegou em Salvador em 1949, após receber uma bolsa de trabalho para fazer um levantamento artístico da Bahia. Ele se apaixonou pela cidade e pela sua gente e decidiu se mudar de vez para lá em 1957. Ele se naturalizou brasileiro em 1958 e adotou Salvador como sua casa até o fim da vida.
Quais as características das obras de Carybé?
As obras de Carybé se caracterizam pela riqueza de detalhes, pela expressividade dos personagens e pela harmonia das cores. Ele utilizou diversas técnicas e materiais em sua produção artística, como pintura, desenho, gravura, escultura e cerâmica. Ele também foi um muralista renomado, tendo realizado painéis em vários locais, como o Aeroporto Internacional de Miami e o Museu Afro-Brasileiro em Salvador.
Qual o estilo de Carybé?
O estilo artístico de Carybé é considerado figurativo e expressionista. Ele se inspirou em artistas como Pablo Picasso, Paul Gauguin, Henri Matisse e Diego Rivera. Ele também se influenciou pela arte popular brasileira, especialmente a dos ex-votos (objetos oferecidos aos santos como forma de agradecimento ou pedido) e das carrancas (esculturas de madeira que adornam as proas dos barcos no rio São Francisco). Ele buscou retratar a realidade com fidelidade, mas também com emoção e sensibilidade.
O que retrata a obra de Carybé?
A obra de Carybé retrata principalmente a cultura baiana, com suas cores, ritmos, festas e religiosidade. Ele se apaixonou pela Bahia quando visitou Salvador pela primeira vez em 1944, a convite do escritor Jorge Amado (1912-2001), de quem se tornou amigo e ilustrador de vários livros. Carybé se encantou pelo candomblé, a ponto de se tornar um Obá de Xangô, um cargo honorífico no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Ele também retratou outros aspectos da cultura popular brasileira, como o samba, o carnaval, a capoeira e a pesca.
Quais são os temas retratados nas obras de Carybé?
Os temas retratados nas obras de Carybé são variados, mas sempre relacionados à cultura afro-brasileira e à vida cotidiana do povo baiano. Ele representou os orixás do candomblé com seus símbolos e animais sagrados; as festas populares como o carnaval e a lavagem do Bonfim; as paisagens urbanas e naturais da Bahia; as atividades dos pescadores, dos capoeiristas e dos sambistas; os personagens típicos como os malandros, as baianas e os vendedores ambulantes; e os amigos famosos como Jorge Amado, Gabriel García Márquez (1928-2014) e Pierre Verger (1902-1996).
Quais as obras de Carybé mais conhecidas?
1. Os painéis dos orixás:
Uma série de 27 painéis de madeira que representam os principais orixás do candomblé, com seus símbolos e animais. Os painéis foram encomendados pelo Banco da Bahia em 1968 e estão expostos no Museu Afro-Brasileiro em Salvador.
2. Os murais do aeroporto de Miami:
O mural de Carybé no aeroporto internacional de Miami é uma obra de arte pública que retrata cenas da cultura afro-brasileira. São dois painéis de 5 por 16 metros cada, pintados em 1960 pelo artista argentino naturalizado brasileiro Carybé, que viveu na Bahia e se inspirou na religião do candomblé. Os painéis foram encomendados pelo aeroporto quando Carybé ganhou um concurso de arte pública, mas ficaram esquecidos por décadas em um terminal que seria demolido. Em 2009, uma turista brasileira e um carregador de malas reconheceram as obras e iniciaram uma campanha para salvá-las. Com o apoio da empresa Odebrecht, os painéis foram removidos, restaurados e instalados permanentemente no aeroporto de Miami em 2014.
3. As ilustrações dos livros de Jorge Amado:
Carybé ilustrou mais de 20 livros do escritor baiano Jorge Amado, como Gabriela Cravo e Canela, Dona Flor e Seus Dois Maridos, Tenda dos Milagres e Tieta do Agreste. Em 1943, por exemplo, ilustrou a capa do livro “Terras do Sem Fim” do escritor.
4. As xilogravuras dos livros de Gabriel García Márquez:
Carybé ilustrou diversos livros do escritor colombiano Gabriel García Márquez, como “Cem Anos de Solidão”, “Ninguém Escreve ao Coronel” e “A Incrível e Triste História de Cândida Erendira e sua Avó Desalmada”. As ilustrações abaixo são do livro Cem Anos de Solidão.
Gostou? Caso se interessou, veja o livro ao lado e saiba mais sobre as pinturas de Carybé.
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