Avanços no domínio do espaço impulsionam nova corrida à Lua – 24/02/2024 – Ciência

Escrito por Felipe Costa

Equipe de autores da ArqBahia.

Lua: Nova Era de Exploração Lunar em Andamento

Desde que o ano começou, já vimos três missões tentarem atingir a superfície da Lua, envolvendo dois países –duas delas bem-sucedidas– e estamos apenas em fevereiro. Antes que o ano acabe, devemos ter pelo menos mais duas ou três, possivelmente mais, de novo envolvendo empresas e agências de vários países.

Os próximos anos devem seguir essa toada, e é óbvio que algo novo e diferente está acontecendo. Depois de décadas de desprezo, vemos uma efervescente nova era de exploração lunar.

Por quê?

Expansão Tecnológica e Exploração de Recursos Lunares

Há uma confluência de motivos, que incluem projeção de capacidade tecnológica, domínio do espaço cislunar (que se estende em torno da Terra até a órbita da própria Lua, a cerca de 380 mil km do planeta) e exploração de recursos naturais.

Desses, apenas o primeiro teve um impacto significativo na corrida espacial do século passado, que pôs Estados Unidos e União Soviética na rota do satélite.

A coisa começou a esquentar em meados dos anos 1990, quando a sonda orbital americana Clementine, uma parceria entre o Pentágono e a Nasa, foi enviada à órbita lunar em 1994. Após analisar os dados, a agência espacial americana apresentou, em 1998, uma descoberta importantíssima: haveria gelo de água em crateras polares na Lua capazes de suportar uma colônia humana e uma estação de reabastecimento de foguetes.

Era algo que não havia sido revelado por nenhuma das missões anteriores, inclusive as que pousaram na Lua, realizadas por EUA e União Soviética entre 1966 e 1976, e mudava as regras do jogo para uma futura ocupação do satélite para a exploração de seus recursos.

Competição Lunar e Perspectivas Futuras

Desde então, estabeleceu-se uma nova corrida para um retorno à Lua, desta vez para uma estadia sustentável e duradoura em sua superfície.

Nos EUA, a administração Bush lançou em 2004 o projeto Constellation, que acabaria sendo um precursor do atual Artemis, que pretende levar humanos de volta ao solo lunar até o fim da década (atualmente o primeiro pouso está marcado para 2026, mas tende a atrasar).

De forma semelhante, no início dos anos 2000, o ascendente programa espacial chinês produziu um plano concreto para desenvolver voo espacial tripulado (atingido em 2003), um programa lunar robótico (iniciado em 2007), o estabelecimento de uma estação espacial própria em órbita terrestre baixa (construída entre 2021 e 2022) e um programa lunar tripulado (com primeiro pouso marcado para antes de 2030).

Numa competição que lembra a folclórica corrida entre a lebre e a tartaruga, os chineses vêm pouco a pouco ganhando terreno sobre os domínios americanos no espaço. Já têm feitos inéditos, como o primeiro pouso robótico no hemisfério oculto da Lua (em 2019), e, se o programa Artemis atrasar mais, podem muito bem ser os primeiros a levar astronautas ao solo lunar no século 21.

Inovação e Exploração Comercial Espacial

Enquanto a China se beneficia de consistência e firmeza de propósito em seus planos (a despeito de um orçamento menor), os americanos sofreram com mudanças constantes de rumo em seu programa espacial, de acordo com a administração. Se George W. Bush iniciou a trajetória de retorno à Lua, Barack Obama decidiu focar asteroides e Marte, e então Donald Trump voltou a se concentrar na Lua, o que (felizmente para o programa) foi mantido durante a administração Biden.

Para compensar essas incertezas, incrementadas por estouros orçamentários, os americanos estão apostando em ferramentas centrais do capitalismo para gerar resultados: competição e inovação. Daí nasceu a atual era da exploração comercial do espaço.

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