Por que o Brasil ainda tem enchentes?

Escrito por Amanda Pereira

Equipe de autores da ArqBahia.

Olá, pessoal! Mais uma vez, agradeço pela sua presença aqui no site. Hoje, nós vamos abordar um problema que infelizmente assola a maioria esmagadora dos municípios do Brasil: as enchentes.

Enchentes: uma combinação de fatores naturais e humanos

As enchentes são, em sua essência, um fenômeno natural desencadeado pela chuva. No entanto, no Brasil, elas também são causadas por ações humanas, tanto pelo poder público quanto pela população em geral. A falta de atualização de asfaltos, a ausência de canalização de rios e córregos, empresas negligentes na manutenção de bueiros, e a construção de imóveis em áreas propensas a inundações são alguns dos fatores contribuintes.

Segundo o Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as enchentes tendem a se tornar mais frequentes e severas nas próximas décadas, devido ao aumento da temperatura global e das alterações nos padrões de precipitação.

Cidades afetadas e a persistência do problema

Cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro têm uma triste tradição de lidar com enchentes, e ano após ano a situação persiste. Muitos rios e córregos são perenes, o que significa que não secam, acumulando água em suas fozes e propiciando transbordamentos. É importante destacar que a topografia das cidades, com ruas e avenidas em regiões mais baixas, facilita o acúmulo de água durante tempestades, resultando em drenagem insuficiente e inundações recorrentes.

Em 2024, entretanto, parece que o problema se agravou. O Brasil enfrentou diversas situações de enchentes em diferentes regiões do país, especialmente no verão, quando as chuvas foram mais intensas e volumosas por causa do fenômeno El Niño, que aqueceu as águas do Oceano Pacífico e influenciou o clima na América do Sul. Alguns exemplos de cidades que sofreram com as enchentes foram:

  • São Sebastião (SP): em fevereiro, uma tempestade recorde deixou dezenas de mortos e centenas de desalojados na cidade litorânea. O volume de chuva chegou a 600 milímetros em 24 horas, o que é considerado sem precedentes na região.
  • Caraá (RS): em junho, o município foi o epicentro de uma das piores tragédias climáticas das últimas décadas no Rio Grande do Sul. Um ciclone extratropical provocou fortes ventos e chuvas torrenciais, causando deslizamentos de terra e alagamentos que mataram 15 pessoas e deixaram quase 5 mil desalojados.
  • Sul da Bahia: em novembro, a região passou pela pior enchente dos últimos 35 anos, afetando mais de 20 mil pessoas. O nível dos rios subiu mais de 10 metros acima do normal, inundando casas, comércios e plantações. A Defesa Civil declarou estado de calamidade pública em 12 municípios.

Consequências e medidas possíveis

Além dos prejuízos materiais, as enchentes trazem consigo a incidência de doenças transmitidas por animais como ratos e baratas. A precariedade no atendimento médico em algumas regiões agrava ainda mais a situação. Algumas ações do poder público podem ajudar a minimizar esses problemas, como:

  • Monitorar as condições climáticas e hidrológicas para emitir alertas e orientações à população em caso de risco de enchente.
  • Realizar obras de infraestrutura urbana para melhorar a capacidade de drenagem e escoamento da água da chuva, como bueiros, galerias pluviais, reservatórios e piscinões.
  • Promover a recuperação e a conservação das áreas verdes nas cidades, especialmente nas nascentes e margens dos rios, para aumentar a infiltração da água no solo e reduzir a erosão.
  • Fiscalizar e coibir a ocupação irregular de áreas de risco, bem como realocar as famílias que vivem nessas áreas para locais seguros e dignos.

Essas ações necessárias ilustram como as enchentes no Brasil são resultado de uma combinação de fatores naturais e antrópicos, ou seja, relacionados à ação humana. Muitas vezes, as cidades não estão preparadas para lidar com as chuvas intensas, pois não possuem um sistema adequado de drenagem, coleta de lixo e ordenamento territorial. Além disso, a ocupação desordenada e irregular de áreas de risco, como encostas e margens de rios, aumenta a vulnerabilidade das populações às enchentes.

O papel do cidadão e a cobrança ao poder público

Infelizmente, ao longo dos anos, pouca coisa foi feita para resolver efetivamente o problema das enchentes no Brasil. No entanto, você percebeu que, em parte, isso também depende de cada um de nós. Não jogar lixo na rua, não sujar rios e córregos, fazer a sua parte pode contribuir significativamente.

Se cada cidadão cumprir com suas responsabilidades, teremos mais condições de cobrar do poder público ações efetivas para solucionar esse problema que afeta a todos. Lembre-se, mesmo quem mora na periferia paga impostos e merece o mesmo tratamento dispensado aos outros.

As enchentes no Brasil são um desafio que exige a participação e a responsabilidade de todos os setores da sociedade. Somente assim, poderemos reduzir os danos causados por esse fenômeno e garantir uma melhor qualidade de vida para as presentes e futuras gerações.

Referências:

  • Ciclones, enchentes, calorão e temporais: o que esperar de 2024? | abc+ TEMPO E CLIMA. Disponível em: https://www.abcmais.com/brasil/rio-grande-do-sul/cliclones-enchentes-calorao-e-temporais-o-que-esperar-de-2024/
  • Enchentes no Brasil: causas, consequências, como prevenir. Disponível em: https://aguasustentavel.org.br/conteudo/blog/210-enchentes-no-brasil-causas-consequencias-como-prevenir
  • Enchentes no Rio e a expansão desordenada – Valor Econômico. Disponível em: https://valor.globo.com/impresso/noticia/2024/01/16/enchentes-no-rio-e-a-expansao-desordenada.ghtml
  • Calor excessivo, secas e chuvas torrenciais: por que Brasil poder ser mais afetado por mudanças climáticas – BBC News Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/clmp08dj43vo
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